Periodicamente, as paisagens conceituais humanas são varridas por novos paradigmas que terminam modificando essencialmente a maneira como entendemos a realidade, como nos vemos e como enxergamos o mundo a nosso redor. Assim, por desconstrução e reconstruções, as cosmovisões evoluem aos saltos, transformando paulatinamente o homem e a sociedade.

 

São conhecimentos revolucionários que abalam nossas mais sagradas convicções para nos proporcionar novas e indispensáveis verdades, necessárias a nosso progresso, embora relutemos inicialmente em aceitá-las. Assim se passou com o heliocentrismo coperniciano que nos retirou do centro do universo, ou com o darwinismo que nos demonstrou uma renovada ordem biológica e uma diferente origem para as espécies.

 

Vivemos na atualidade uma nova rotura paradigmática conferida pela física moderna. A cosmologia nos mostrou que o universo está encerrado em barreiras dimensionais, envolto em outro domínio a extrapolar as fronteiras do tempo e do espaço. A física quântica nos assegurou que a matéria se sustenta em evasivas abstrações matemáticas, desfazendo a concretude física num oceano de imponderabilidades. Favoreceu-nos, assim, com um diferenciado panorama da realidade que desmantelou a interpretação mecanicista e materialista da vida e nos pede agora novas bases de compreensão do mundo, de Deus, de nossa própria natureza e dos fins da existência.

 

Contudo esse extraordinário quadro ofertado pela epistemologia vigente, até então, não nos serviu como alento e tampouco se mostrou um farol a nortear nossa jornada, pois nos deu por origem o vazio e por destino o nada. Assim nos deixou desorientados, não nos acalmando os mais nobres anseios por conhecer nosso porto de partida, o mapa do curso que empreendemos e o ancoradouro final.

 

Esta obra, verdadeiro tratado de filosofia da ciência, pretende demonstrar que é possível antever, sob o pó quântico da matéria, a chama do Espírito imortal e, além dos limites cósmicos, o baluarte de um Plano Abstrato ou Centro Unificador, perfeitamente compatível com a Inefável Dimensão que as grandes revelações do passado chamaram de Reino Celestial. E nos mostra que a única forma de se explicar as imprecisões identificadas nas escalas quânticas, assim como as distorções relativistas patentes no macrocosmos, é reconhecer que nosso mundo advém da evasão desse Universo Perfeito.

 

Para tanto, este trabalho se fundamenta na chamada Grande Equação da Substância, uma reveladora e abrangente formulação, considerada a viga mestra do edifício monista erguido por Pietro Ubaldi, um reconhecido escritor espiritualista italiano. Munido desse poderoso ferramental unitarista, este estudo pretende fundir o fideísmo cristão com os modernos conceitos da física quântica e da nova cosmologia, revelando-nos o cenário eminentemente espiritual que os perpassa. Suas pertinentes conclusões propõem-nos, assim, os fundamentos de uma nova ciência, A Física do Espírito, essencialmente aderida à mística cristã, sob os acordes da síntese filosófica de Ubaldi. Suficientemente lógica e conceitualmente robusta, mostra-se capaz de dar coerência às hodiernas teses científicas e preencher o fosso que as aparta da espiritualidade, sanando o aviltante materialismo que persiste assolando a alma humana.

 

Aqui encontraremos uma dissertação endereçada não apenas ao intelecto, mas também ao coração, fazendo do frio racionalismo científico um caminho que igualmente conduz ao Espírito e nos evidencia a presença de Deus na fenomenologia universal. Por isso, foi escrito à maneira de uma sinfonia de conceitos, apresentando movimentos e temas intercalados por cânticos, a fim de sensibilizar-nos ante as manifestações do Divino em nosso mundo.

 

Não deixe de conhecer essa curiosa exegese filosófica, diferente de tudo que já foi dito sobre física e espiritualidade e que se propõe, enfim, a responder às fundamentais questões a nos premer a alma na caminhada dos séculos: qual é a nossa verdadeira origem e para onde estamos nos dirigimos?

 

Gilson Freire

 

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